Compras mro
Compras mro
Compras MRO na prática: como padronizar especificação, recebimento, reposição e governança com indicadores, RACI, checklists e políticas simples (2‑bin/Kanban).
Compras MRO: guia prático para padronizar, reduzir variabilidade e dar previsibilidade à operação
“Compras MRO” não é apenas adquirir materiais de manutenção, reparo e operação. É integrar especificação técnica, homologação, inspeção na entrada, armazenagem, montagem/uso, reposição e destinação em um fluxo consistente, com evidências e responsabilidades claras. Quando as compras MRO seguem padrões objetivos, a operação ganha previsibilidade, as tratativas entre áreas ficam mais leves e auditorias se tornam eventos tranquilos — sem depender de comparativos financeiros.
Ao longo deste guia, você encontra fundamentos, tabelas, exemplos aplicáveis e um passo a passo para elevar o nível das compras MRO no dia a dia. A padronização com itens normatizados (DIN/ISO/ABNT), documentação por lote e suporte técnico podem impulsionar seus resultados na gestão de compras.
O que são compras MRO e por que importam
Compras MRO (Maintenance, Repair and Operations) garantem que o “infra” da produção e da manutenção tenha o item certo, na hora certa, com as especificações corretas e documentação exigida. Em geral, envolvem muitas famílias de itens, alto giro em pequenas quantidades e grande propensão a ruídos se faltarem padrões.
Compras MRO dialogam diretamente com:
- ISO 9001:2015 (qualidade): processos padronizados, evidências, melhoria contínua.https://www.iso.org/iso-9001-quality-management.html
- ISO 14001:2015 (ambiental): destinação adequada e controle de aspectos/impactos.https://www.iso.org/iso-14001-environmental-management.html
Mapa prático das compras MRO (etapas, evidências e indicadores)
Compras MRO: etapas integradas e como evidenciar
| Etapa | Requisitos essenciais | Evidências típicas | Indicadores operacionais (não financeiros) |
|---|---|---|---|
| Especificação e padronização | Norma/material/acabamento; instrução de montagem/uso | Ficha técnica; instrução visual; checklist de torque | Conformidade por lote na entrada |
| Homologação (itens/fornecedores) | Critérios de inspeção, embalagem, documentação por lote | Plano de homologação; amostras; modelos documentais | Entregas dentro da janela combinada |
| Aquisição e pedido | Descrição padronizada e anexos técnicos | OC com anexo técnico e versão | NC na entrada por família de item |
| Recebimento e inspeção | Amostragem objetiva e conferência dimensional/visual | Checklist com fotos; registro de lote | Taxa de retenção e tempo de tratativa |
| Armazenagem e rastreabilidade | Endereçamento; proteção; etiquetas por lote | Registros de movimentação; inventário rotativo | Acurácia de estoque por endereço/lote |
| Uso/montagem e operação | Ferramental/torque; sequência; kits por intervenção | OS; registros de torque; kits por máquina | Retrabalho por montagem; tempo de setup |
| Reposição (MRO/Curva C) | 2‑bin/Kanban; parâmetros simples e visuais | Cartões/QR; ponto de reposição definido | Reposições disparadas vs. parâmetros estáveis |
| Não conformidade e tratativas | Registro, análise de causa, ação corretiva e verificação de eficácia | Relatório 8D (ou equivalente); histórico por família | Reincidência de NC por família |
| Destinação e conformidade ambiental | Procedimentos e trilha documental | Manifestos; documentos de transporte | Conformidade em auditorias; trilha de descarte/documental |
Observação: ajuste terminologias ao seu procedimento interno; o ganho real está na consistência das evidências.
Pilar 1 — Especificação técnica: base das compras MRO
Em compras MRO, descrições vagas geram incompatibilidades e retrabalho. Em fixadores, por exemplo, pequenas variações de rosca, material e acabamento impactam a montagem. A especificação completa — norma (DIN/ISO/ABNT), material, acabamento, dimensões e requisitos de montagem — é o primeiro filtro de qualidade.
Boas práticas de especificação para compras MRO
- Nome técnico com norma e material (evitar termos genéricos).
- Instrução de montagem objetiva (torque, sequência, ferramental).
- Condições de uso e limpeza (umidade, agentes químicos).
- Versão e responsável por cada documento técnico.
Pilar 2 — Homologação de itens e fornecedores
Compras MRO eficazes começam antes do primeiro fornecimento. Homologar significa alinhar “como será conferido” e “qual embalagem/etiqueta é aceitável” — reduzindo surpresas na doca.
Tabela 2 — Checklist de homologação (resumo para compras MRO)
| Tópico | O que verificar na prática | Evidência mínima |
|---|---|---|
| Escopo técnico | Norma, material, acabamento, tolerâncias | Fichas técnicas assinadas |
| Documentos por lote | Certificados/laudos, rastreabilidade | Modelos + amostra real |
| Inspeção de recebimento | Amostragem e critérios objetivos por família de item | Checklist acordado e canal técnico definido |
| Embalagem e proteção | Proteção de roscas/superfícies; identificação de lote/etiqueta | Fotos padrão e etiqueta aprovada |
| Comunicação técnica | Ponto focal e formato de tratativa de NC | Contatos e procedimento |
| Conformidade ambiental | Destinação aplicável e documentação | Procedimentos e registros |
Pilar 3 — Recebimento e inspeção: objetivo e reproduzível
Na doca, armazém ou na sua empresa, a inspeção deve ser simples, clara e repetível. O que está fora do combinado é retido com registro fotográfico, dados de lote e comunicação técnica padronizada.
Checklist sugestivo para compras MRO
- Conferir norma/material e dimensões críticas definidas na amostragem.
- Verificar integridade de roscas e acabamento; inspecionar embalagem.
- Registrar fotos e lote/fornecedor; etiquetar corretamente.
- Abrir NC conforme procedimento, com prazos e responsáveis definidos.
Pilar 4 — Armazenagem, posse e rastreabilidade
Armazenagem preserva a qualidade conquistada na entrada. Compras MRO exigem endereçamento lógico, proteção adequada, etiquetas por lote e inventário rotativo que mantenha acurácia.
Pontos de atenção
- Endereços pensados por acesso e giro; identificação clara.
- Embalagem que proteja roscas e superfícies críticas.
- Etiquetas padronizadas (código, descrição, lote, data).
- Inventário rotativo e reconciliação de divergências.
Pilar 5 — Uso, montagem e kits por intervenção
A montagem é onde compras MRO se materializa. Ferramentas corretas, torque definido e instruções visuais curtas aumentam repetibilidade. Kits por máquina/intervenção reduzem esquecimentos e estabilizam o setup.
Sugestões práticas
- Instruções enxutas por família de item, com fotos/desenhos.
- Controle de torque e ferramental compatível/calibrado.
- Kits por intervenção para manutenções recorrentes.
Pilar 6 — Reposição simples (Curva C/MRO)
Grande parte dos itens MRO pertence à Curva C: muito numerosos, de baixo impacto unitário e críticos quando faltam. Políticas visuais e simples funcionam melhor.
Opções para compras MRO
- 2‑bin: dois recipientes; quando um zera, dispara reposição enquanto o outro supre.
- Kanban físico/digital: cartões/QR com código, descrição normatizada e ponto de reposição.
- Parâmetros revistos por histórico de reposições; auditoria leve e periódica.
Pilar 7 — Não conformidade e aprendizado
Desvios acontecem. O diferencial é a resposta rápida e padronizada. Registro simples, análise de causa objetiva e verificação de eficácia sustentam a redução de reincidências. Quando necessário, atualize especificações, checklists e kits.
Pilar 8 — Sustentabilidade e destinação
Fechar o ciclo com destinação adequada e trilha documental reduz incerteza em auditorias e reforça a integridade operacional, conforme diretrizes da ISO 14001.
Indicadores essenciais para compras MRO
Indicadores devem iluminar decisões sem burocratizar. Defina responsáveis, frequência e fonte de dados.
Indicadores (sem métricas financeiras)
| Indicador | Objetivo prático | Como registrar |
|---|---|---|
| Conformidade por lote (entrada) | Verificar atendimento à especificação | Amostragem + checklist com fotos |
| NC por família de item | Priorizar tratativas e revisões de padrão | Sistema de qualidade por lote/família |
| Acurácia de estoque | Garantir disponibilidade e rastreabilidade | Inventário rotativo por endereço/lote |
| Entregas na janela combinada | Reforçar confiabilidade operacional | Agenda vs. chegada real |
| Retrabalho por montagem | Sinalizar problemas de uso/treinamento/ferramental | Apontamento por OS/família de item |
| Reposições disparadas (2‑bin/Kanban) | Verificar estabilidade do consumo e dos parâmetros | Histórico de cartões/QR e reposições |
| Trilha de destinação | Evidenciar conformidade ambiental | Arquivo de manifestos e documentos correlatos |
Governança clara: matriz RACI para compras MRO
Responsabilidades explícitas evitam “zonas cinzentas” e aceleram decisões.
TRACI para compras MRO (exemplo; ajuste à sua estrutura)
| Atividade | Compras | Qualidade | Manutenção | Produção | Almoxarifado | Engenharia | Meio Ambiente |
|---|---|---|---|---|---|---|---|
| Definir especificação e norma | R | C | C | I | I | A | I |
| Homologar itens/fornecedores | A | R | C | I | C | C | I |
| Recebimento e inspeção | C | R | I | I | I | I | I |
| Endereçar/etiquetar por lote | I | C | I | I | R | I | I |
| Montagem/torque | I | C | R | C | I | C | I |
| Reposição (2‑bin/Kanban) | C | I | I | I | R | I | I |
| Tratativa de não conformidade | C | R | C | I | C | C | I |
| Destinação/reciclagem | I | C | I | I | I | I | R/A |
Legenda: R = Responsável | A = Aprovador | C = Consultado | I = Informado
Passo a passo: como implementar compras MRO com eficiência
- Mapear famílias e lacunasIdentifique famílias de maior impacto operacional (fixadores DIN/ISO/ABNT, vedações, conexões). Mapeie lacunas de especificação, inspeção e rastreabilidade.
- Especificar e homologarPublique ficha de especificação por família (norma/material), defina amostragem e checklist de recebimento, alinhe embalagem/etiqueta e canais técnicos.
- Implantar reposição simplesPara Curva C/MRO, adote 2‑bin/Kanban; sinalize pontos de reposição; crie kits por intervenção.
- Medir o essencialAtive indicadores da Tabela 3; deixe claras as definições e a periodicidade de atualização.
- Tornar a governança visívelMatriz RACI publicada; fluxo de NC padronizado com verificação de eficácia.
- Revisar continuamenteRotina leve de revisão (amostral); atualizar especificações, checklists e parâmetros de reposição conforme aprendizados.
Boas práticas que elevam compras MRO
- Descrição técnica sem ambiguidade, sempre com norma/material.
- Critério de recebimento objetivo, amostragem visível na doca e registro fotográfico.
- Etiquetas por lote legíveis; endereçamento lógico e inventário rotativo.
- Comunicação técnica direta e respeitosa com fornecedores.
- Treinamento em torque/manuseio e uso de instruções visuais.
- Auditoria interna leve e constante (mais frequência, menos peso).
Perguntas frequentes sobre compras MRO
Compras MRO exigem sistemas complexos?
- Não necessariamente. Disciplina em especificar, inspecionar e registrar é o que sustenta o método. Sistemas ajudam; padrão e rotina decidem.
Como equilibrar padronização e flexibilidade?
- Padronize o que afeta repetibilidade e segurança. Permita ajustes locais em particularidades de máquina/linha, com controle de versões.
Quem lidera compras MRO?
- Compras coordena; Qualidade define o padrão e as tratativas; Manutenção/Produção validam a aplicabilidade; Almoxarifado executa reposição e rastreio; Engenharia aprova; Meio Ambiente garante a destinação.
Checklist de bolso (uso imediato)
- Ficha de especificação por família (norma/material/ambiente/torque).
- Pedido com anexo técnico e controle de versão.
- Checklist de recebimento com amostragem acordada e fotos.
- Etiquetas por lote e endereçamento lógico.
- Instruções de montagem enxutas; kits por intervenção.
- Reposição 2‑bin/Kanban onde couber.
- Indicadores essenciais publicados e atualizados.
- Procedimento de destinação e trilha documental.
Conclusão
Compras MRO bem estruturadas não dependem de fórmulas complexas: dependem de padrão, evidência e governança. Ao conectar especificação, homologação, recebimento, posse, uso, reposição, tratativas e destinação, a operação se torna previsível e auditável. Com itens normatizados, documentação por lote e suporte técnico, o caminho entre a necessidade e a entrega de valor fica mais curto e seguro.
Referências
- ISO 9001:2015 — Quality management systems: https://www.iso.org/iso-9001-quality-management.html
- ISO 14001:2015 — Environmental management systems: https://www.iso.org/iso-14001-environmental-management.html
- Ellram, L. M. (1995). Total Cost of Ownership: An Analysis Approach for Purchasing. International Journal of Physical Distribution & Logistics Management.
- Ferrin, B. G.; Plank, R. E. (2002). Total Cost of Ownership Models: An Exploratory Study. Journal of Supply Chain Management.



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